Menu

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Louis, vulgo Bernardo

Não sei dizer exatamente como isso começou. Apenas me lembro que, um dia, acordei e reparei no quanto tudo isso é muito chato e sem propósito algum. Fui até o banheiro, contemplei todas aquelas caixas de medicamentos (cujo uso eu desconhecia) e virei goela abaixo. Acordei uma semana depois, em uma clínica psiquiátrica, onde um médico fazia um experimento desconhecido, que transformaria a minha visão do mundo. Tornei-me desde então uma pessoa que valoriza cada dia como se fosse o último, que vive o amor intensamente e que bebe vinho contemplando o amanhecer.


.
.
.


Não, a história não é bem essa. Posso ter todos os clichês do mundo, mas soar como Paulo Coelho é algo que não está nos meus planos. Ou talvez esteja em vias de estar.
Na verdade, tenho 22 anos, moro num bairro suburbano qualquer, tenho dois empregos e uma vida sexual inativa. Eu costumava trepar bastante, mas hoje isso já não é tanto. Ou outros homens se tornaram chatos demais, ou eu mesmo sou péssimo na suposta arte de dar prazer à alheios. O que importa? Não me faltam muitas coisas; posso viver muito bem uma vida sem necessidades. Estou te dizendo, sou um clichê. No geral, acho que deveria ser mais um nessa geração de pessoas infelizes, à espera de um grande amor que as salve da profunda tristeza em que vivem. Mas não sou assim, porque não acredito nisso. Aliás, não acredito em muita coisa. Mas acredito um pouco ainda na casualidade. Por isso, ainda me dou ao trabalho de entrar em sites de relacionamento duvidosos, pra desperdiçar meu tempo, criando uma pessoa que não sou, e caçando segredos alheios.

E esse é só mais um pedaço desinteressante de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário