Lembranças de Olavo - Onde tudo começou

Julho de 2007
Nada acontece na minha vida ultimamente. Apenas uma grande ansiedade de ver o show da minha banda preferida e será uma gravação de DVD. O dia não chega nunca. Comprei meu ingresso um mês antes do espetáculo mais esperado da face da terra. Amanhã será o grande dia em que eu e minha amiga Sabrina nos jogaremos naquelas rodas de pogo incríveis.
Yes, é hoje! Acordei uma hora antes do normal. Na verdade, mal dormi hoje. Pedi até pra sair mais cedo do meu trabalho. Já to nesse ônibus, uó! O trânsito parece não ter fim e as luzes da lanterna traseira desses carros estão me dando enjôo. Sabrina nem pra me ajudar a me achar, quase passamos do ponto certo.
Aff, cheguei nesse lugar! Uau! Uma casa de show grande, que milagre. Sempre vou em show em casas mais rústicas e muito mais rock’n’roll. Que fila é essa?! Brasileiro adora uma fila, né? E quanta gente chata nessa fila. Essas patricinhas usando essa faxinha piegas, o fim dos tempos pra mim.

E eis que chegamos no fim da fila e vejo uma menininha de estatura mediana, com uma blusinha preta estilo “japoronga”. Ela tinha uma cerveja na mão. Eu e Sabrina estávamos morrendo de sede e nosso dinheiro só daria pra gente comer algo depois. As coisas naquela região eram muito caras, meu Deus, como eram caras. Com toda indignação, continuava reclamando da fila, das pessoas, de tudo. 19 anos nas costa e parecia um velho de 80 reclamando da fila da previdência Social. E lá continuei. Quando menos esperava a mocinha, ainda não identificada, se apresenta:

- Oi!!! Meu nome é Clarice. Estava ouvindo você falar e concordo plenamente.

*-* Foi mágico! Vi ali uma história de amor. Claro, que dali em diante, não nos separamos mais e lógico não vou falar o que rolou até hoje, ficaria a vida inteira contando. Só sei que na mesma noite, depois do show maravilhoso, dormimos no tapete da casa de show e fomos expulsos com jatos de água. Clarice conhece desde o meu amigo mais ou menos até os meus parentes mais distantes. Aquela cara de menina esconde um leão. Viajamos o Brasil, fugimos de enrascadas, nos metemos no dobro do que escapamos, dividimos colchão numa laje improvisada, fizemos experimentações juntos, acompanhamos os relacionamentos uns dos outros, esvaziamos garrafas de Johnny, de Red, de Black, de Blue, ficamos em alfa.

Ela também me trouxe pessoas que mal conheço, mas que tem me chamado atenção ultimamente: Louis (garoto esperto e meio meticuloso), Sophia(garota sonhadora e meio meticulosa) e LacerdaWins (Um escritor doido e meio meticuloso). Ta aí, algo a se descobrir. Sabe, sou dessas pessoas que sentem as coisas no ar. Acho que nossas histórias dão bons livros.