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sexta-feira, 21 de maio de 2010

... Maman l'opération ...

Realmente aquela cena foi inenarrável, Lavinho com cara de caneca, e Bee, pela primeira vez desde que eu o conheço, estava de fato, enfurecido. Fazendo juras de morte e basicamente descrevendo como as executaria quando encontrasse Lacerda. Confesso que os planos dele para Lacerda não seriam nada rápidos ou indolores. Bem, depois de sobrevivermos ilesas - quando digo “ilesas”, obviamente refiro-me apenas a mim e Jam - a ameaça iminente de uma bomba relógio anexa ao “presente” deixado por Lacerda, mal sabíamos que seríamos atingidas por uma catástrofe ainda maior.

Estávamos no nosso quarto, a meia luz, trocando algumas carícias enquanto os meninos ainda tentavam apagar o “maldito” vídeo do Youtube lá pela sala, sem deixar de resmungar e xingar até a décima quinta geração Lacerdiana nem mesmo por um mísero minuto que fosse. De repente os dois calaram-se, e pela primeira vez naquele dia deu-se um momento de silêncio coletivo, que de fato, parecia anunciar uma imensa e catastrófica novidade. Pois é, o anuncio não estava errado, irrompendo o sepulcral e quase sagrado silêncio momentâneo, meu celular tocou, um número cheio de números, prefixos, DDD’s, DDI’s e sei lá mais o que...

_ Alô?
_ Baaaaaaaby... 
_ Hãn? ... Mãe? 
_ Oi meu amor, sou eu mesma. Quem mais seria? Quem mais te chama de Baby Sophie Fernandes? 
_ Ah mãe algumas pessoas, mas, nossa... Oi, aonde você está?
_ Algumas pessoas? Só espero que não seja aquela garota... Argh...

Nesse momento pude imaginar o clássico revirar de olhos de minha mãe, que se fazia recorrente todas as vezes que falava de Clarice.

_ Mãe, não vamos começar com isso agora né, please... 
_ Ok, ok, AINDA não é hora para isso mesmo... Então baby, eu estou no aeroporto de Guarulhos esperando você vir me buscar...
_ ....... Hãn? ..... O que? 
_ Isso mesmo amor, resolvi vim lá da cidade luz para visitar minha filhinha. Não posso? 
_ É... É claro que pode mãe, mas, será que você não podia avisar a sua filhinha antes? 
_ Ai Sophie, deixe de ser chatinha. Venha me buscar. Estou no portão 3 de desembarque. Beijos meu amor...
_ Mãããããeeee....

Tu...tu...tu...tu...tu...

Virei-me lentamente na direção de Clarice para saber se ela tinha escutado alguma coisa. O desafeto entre as duas mulheres da minha vida, era mútuo. E intenso...  Ela não aparentava nenhum tipo de preocupação, raiva, ódio ou qualquer um dos sentimentos e afetos que as duas compartilhavam, então deduzi que ela não tinha escutado nossa conversa. Se isso era bom ou ruim, sinceramente não sei. Pois, agora ficava delegada a mim a incumbência de dar-lhe a “feliz” notícia da chegada de minha mãe.

_ Amor... 
_ Oi baby

Ui... Baby? Estremeci psicologicamente em imaginar qual seria o motivo para o primeiro duelo e troca de desdém das duas dessa vez...

_ Hãn... Então... Você chegou a ouvir a hora que eu estava no cel?
_ Não, porque? Aconteceu alguma coisa amor?
_ Bom, aconteceu... Mas, assim... Ta... Vamos logo com isso... Jam, minha mãe esta nesse exato momento no portão de desembarque nº 3 no aeroporto de Guarulhos aguardando minha chegada para buscá-la.

Silêncio....

_ E porque você não me avisou Sophia? Arghhhh... Não acredito que a Alice iria vir para cá e você não me falou nada antes.
_ Amor, calma. Você não conhece a Sra. Alice Fernandes ainda? Desde quando ela ME AVISA que vai vir para cá? 
_ Hunf... Não acredito nisso... Quanto tempo ela vai ficar, você já sabe? Aliás, aonde ela vai ficar? Aqui, na República? Há, há, há... Até parece que ela vai sujar os sapatinhos Prada dela para passar pelo PUB e ficar aqui conosco.
_ Olha amor, eu sei tanto quanto você. Mas, se tem uma coisinha que eu tenho certeza é que ela não ficará aqui. Provavelmente vou com ela para meu apê, e quero que você vá comigo.
_ EU? Eu não... Eu to de férias... FÉ-RI-AS ... Imagina eu ter que agüentar sua mãe 24H por dia com você indo trabalhar até às 17h, 18h... E se ela resolver ficar um mês, dois, três??? Não vai dar Sophia, não dá...

Cheguei mais perto dela... Passei meu braço pela sua cintura...

_ Amor... Por favor... Você vai me deixar sozinha?

Jam fez uma careta de quem tinha acabado de ser vencida em uma batalha basicamente épica.

_ Ta. Ok. Você venceu...
_ Ótimo... Agora... Vamos lá buscá-la?
_ Fazer o que né, paciência...

Demos então uma rapidíssima explicação para os meninos na sala, que por já conhecerem o famoso e medonho duelo desdenhoso de mamãe e Clarice, apenas demonstraram um certo aborrecimento por nós estarmos abandonando-os por alguns dias. Saímos então da república, e fomos em direção ao aeroporto. Corri o máximo que pude, afinal, estava convicta que a Sra. Alice Fernandes não estava contente em esperar tanto.



Conforme a instrução passada anteriormente lá estava ela no portão nº3 aguardando ansiosamente nossa chegada. Assim que viu meu carro estacionando já pediu para que o carregador pegasse as malas, aliás, coloquem muitos “s” nesse aS malaS. Olhei para Jam que estava toda bicuda no banco do passageiro...

_ Amor, por favor. Ela é minha mãe. Eu estou morrendo de saudades dela... E, bom, enfim... Sei que não se amam, mas, pode ser gentil? Só um pouco... Você sabe que vocês duas são as mulheres da minha vida... Tudo bem?
_ Tudo bem... Vou fazer o máximo possível.
_ Obrigada.

Dei um selinho rápido nela e desci do carro para recepcionar mamãe.

_ Oi baaaaaaaby...

Minha mãe era sempre muito notável. Afinal, uma loira de 1,70 de altura, dotada de maravilhosos olhos azuis, um corpo invejavelmente escultural, e sempre impecavelmente vestida em suas combinações de Prada, Louis Viton, Victor Hugo, Dolce & Gabbana e afins, geralmente não passava despercebida.


Como de costume minha mãe me agarrou e uns 1.000.000.000 de beijos, baby’s e meu amor, depois, notou a presença de Clarice ali do lado dela, encostada no carro.

_ Oi Alice. Fez boa viagem?
_ Hum... Oi Clarice. Fiz sim, obrigada.

Vendo que aquele diálogo não iria muito longe e aproveitando o ensejo de o carregador ter terminado de colocar as malas no seu devido lugar no carro, convidei-as a entrar e irmos para casa. No caminho até o apê, só Dona Alice falou, tagarelando como sempre da velha, bela e magnífica Paris... Perfumes, roupas, sapatos... Enfim, assuntos de mamãe... Clarice quase morreu de tédio ao meu lado, mas, cumpriu o que havia me prometido e foi de fato, absurdamente gentil durante todo o percurso.

Chegamos ao apê e preparei o quarto de hospedes para Sra. Fernandes, ela estava deveras cansada da viagem, e foi logo deitar-se. Avisei-a que iria buscar algumas coisas com Clarice e voltaríamos mais tarde, notícia essa que a fez literalmente “medir” Jam de cima a baixo com todo o veneno que uma mulher pode colocar no olhar...

_ Hum... OK Sophie. Mas, baby, por favor não chegue tarde... Amanhã quero ir logo pela manhã no Ibirapuera. Você só atende às 11h não é meu amor?
_ Isso mesmo mãe. Mas, fiquei tranqüila. Iremos voltar cedo, e amanhã podemos ir ao Ibirapuera, não é amor? ... 
_ Hum........... É, é sim baby.

Nesse momento apenas fechei os olhos e esperei pelo caos...


Um comentário:

  1. Haha, amei... A cara da mamãe de Sophia uma coisa dessa... Lacerda agora esta justificado de todas as vezes que chamou SophiA de SophiE, afinal, a mamãe dela também a chama dessa forma a lá francesa, hehehe...

    Beijos e to gostando dos novos núcleos da 3ª temporada.

    Bjs, Paulinha...

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