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terça-feira, 4 de maio de 2010

A Medida Certa

Dormi muito mal ontem. Diga pra mim se há como descansar quando a polícia bate à sua porta, querendo saber sobre dois milhões e meio de reais que magicamente apareceram? Revirei-me a noite inteira, enquanto Lacerda roncava feito um dragão. Porra. O cara está na mira da polícia e dorme como um bebê? Esse mundo é mesmo um lugar impressionante.


Não eram nem cinco da manhã quando conclui que não havia como descansar. Levantei-me e fui pra cozinha, com cabelo bagunçado, trajando uma simpática cueca vermelha, na intenção de preparar o café da manhã. Todos dormiam, com exceção de Sophia, que parecia ter tido a mesma idéia que eu.
- Bom dia, Be. O que você está fazendo de pé tão cedo? – perguntou com aquela voz doce. Incrível como essa garota até mesmo ao acordar é maravilhosa. Deus é um cara muito injusto.
- Bem, acho que o mesmo que você... Alguém tem que alimentar esse povo, não? Ah, bom dia.
-Pois é... Daqui há pouco todo mundo acorda faminto e tal...
- Uhum.

Enquanto Sophia preparava algum bolo com sabor desconhecido, eu me esforçava em fazer um café. Não, não é minha maior virtude fazer um bom café. Sophia reparou e veio ao meu socorro. Achei que aquele seria um bom momento para conversarmos sobre o mal estar naquele “chá do chapeleiro maluco”...
- Sophia, sobre aquele dia... Desculpa por termos saído da mesa na hora em que você chegou. Sério mesmo. É que sei lá... Essa coisa de você, Lacerda e Clarice é meio confusa ainda. A Jam não quer mais que ninguém se intrometa, mas ficaram algumas lacunas. E como estamos sob o mesmo teto... Bem, acho que todo mundo se acha no direito de saber.
Era uma cena tensa e estranha: uma loira com uma forma na mão, conversando com um cara de cuecas que tentava a todo custo acertar a medida de açúcar do café.
- Mas não há porque ninguém saber. Isso interessa somente aos envolvidos – Sophia fechou a cara, enquanto arrumava o cabelo – Por favor, Bernardo, não se envolva nessa história. Já é complicada demais e todo mundo propôs a esquecer-se disso. Estamos todos aqui, vamos tentar começar do zero?

Meu deus, os olhos de Sophia estavam marejados. Naquela hora me senti o pior ser existente. Abracei-a, sem dizer uma palavra. Acho que não sou bom ao pedir desculpas.

4 comentários:

  1. O Bernardo é um fofo, né?!

    =D

    Dan.

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  2. Momentos assim fazem parte do caos, minha gente. A desordem está nisso: na destruição e renovação, no Eros e no Thanatos.

    Alan

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  3. uau, alan. VocÊ fez isso soar tão intelectual. Tão profundo... essa nossa malhação-Friends mexicana está beirando Murphy. Adorei o novo prisma.

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