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quinta-feira, 22 de abril de 2010

A discussão ...


“Não, não, não e não Clarice! Eu não vou mais me manter nessa condição... Eu não te quero pela metade ou aos pedaços! Você vai ter que escolher. E isso não é mais um pedido, é uma condição! Não vou mais dividir você com o Lacerda, não vou e ponto final!”.

_Clarice: Peraí Sophia! Não fui só eu que passou a noite com ele ali naquela sala, então não suba o tom comigo!
_Sophia: Ah, não foi? Tem certeza disso? Realmente você estava extasiada demais pra perceber o que acontecia ao seu redor! Você chegou a reparar onde você acordou e onde eu estava dormindo hoje pela manhã?
_Clarice: Isso não me diz absolutamente nada Sophia! E outra, se você não fez exatamente a mesma coisa que eu ontem, por que resolveu aparecer na sala com aquela liga preta? Hein, por quê?
_Sophia: Porque? Ah Clarice, por favor... Você estava agarrando o Lacerda bem ali, na minha frente. Olhava para ele com o mesmo tesão e cumplicidade que me olhou naquela banheira... Tem alguma noção do meu desespero enquanto estava parada ali, evidenciando essa cena? Tem idéia do que aquilo foi pra mim? Seus beijos nele tinham a mesma intensidade e aconteciam na mesma proporção com a qual me beijara na noite anterior. Aquilo não era só sexo, não era só desejo puro e simples, EU VI Clarice, EU VI... E esse foi o ápice do meu desespero. Não sabia o que fazer para que você me notasse ali naquela sala, eu não podia deixar aquilo acontecer ali na minha frente, não suportava a idéia de que acontecesse!
Fui para o quarto e procurei me lembrar do que mais te agradava no meu guarda-roupas... Não tive a mínima dúvida do que vestir assim que vi aquela lingerie... Você sempre adorou lingerie preta, e adora quando estou de liga... Não pensei meio segundo antes de vesti-la e ir lá para aquela sala. Você não ia poder me ignorar naquele ambiente mais. Ia ter que se lembrar da minha existência... Ia ter que escolher! Levei NOSSO vinho que estava já pela metade, e três taças. Aquela escolha era sua, tinha que ser sua! Sentei naquele sofá, no seu sofá, o nosso sofá, a fim de ter você só pra mim, sem o Lacerda entre nós! Esperava de verdade te fazer lembrar da noite maravilhosa que tínhamos passado... Esperava que escolhesse tomar aquele resto de vinho só comigo, talvez até dispensando a taça e tomando-o na minha virilha, como tinha feito na noite anterior... Mas, você preferiu encher as três taças... Você Clarice!

_Clarice: Sophia, por favor... Não fale bobagens! Você sabe muito bem que eu e Lacerda não temos nada! O que aconteceu foi coisa de instinto! Você sabe o quanto a amo, mas, por favor, Sophia, por favor, não me coloque na parede assim... Não me faça escolher entre vocês...
_Sophia: Como é? Você realmente não consegue escolher um de nós? Você por acaso o ama? Aliás, será que me ama de verdade? Se me ama tanto, se me quer tão desesperadamente como gemeu tantas vezes no meu ouvido naquela cama, porque não pode, não consegue ou não quer escolher entre nós?
_Clarice: Sophia, por favor, não continue! Não faça isso, por favor! Eu não suporto a idéia de ter que fazer um de vocês dois sofrer por minha causa!
_Sophia: OK! Não pretendia mesmo continuar a falar nada. Lembra daquela oportunidade de emprego que eu te contei que me surgiu através do meu primo da Austrália? Pois bem, irei aceitá-la! Hoje mesmo vou até o consulado verificar alguns detalhes da minha partida... Em no máximo 20 ou 30 dias você e Lacerda poderão viver a mais bela das histórias de amor!
_Clarice: O que? Do que vocês esta falando Sophia? Você, você... Você vai embora? Vai me deixar?
_Sophia: Você já deveria estar farta de saber que só não fui por você, por sua causa! Mas, eu não quero ficar aqui com metade de Clarice pra mim. Já que você não pode ser 100% minha, eu vou. No máximo em um mês não estou mais no Brasil. Decidido!

Clarice baixa a cabeça e a coloca entre a palma das mãos... Fecha os olhos e respira fundo algumas vezes... E uma lágrima escorre por entre seus delicados dedos...

_Sophia: Eu tinha certeza que essa seria sua única reação! Bom, é isso. Fique feliz! Ficará com o Lacerda em paz, longe e sem minha interferência! Vou entrar, tomar um banho e me trocar para ir ao consulado arrumar a papelada que preciso levar. Não me siga! Dessa vez é pra valer Clarice, acabou!
_Clarice: Eu...eu...eu... Não... Sophia!... Não!...
_Sophia: Acabou Clarice!

Segurei as lágrimas com toda a força que pude encontrar em meu ser... Me virei e entrei no quarto. Bati a porta. Meu coração batia descompassado, mas, dessa vez não de desejo ou tesão, e sim de dor, de raiva, de mágoa, de ódio... Isso, dela mesma, Clarice!
Sentei na cama, ainda lutando desesperadamente com as lágrimas que teimavam em querer rolar. A sensação daquele momento era... era... era como se... se... Ahhhh... Simplesmente inenarrável! Lentamente fui tirando minha roupa, peça por peça, como se fizesse um pequeno ritual particular... Me dirigi dolorosa e lentamente até o chuveiro... Fechei os olhos e deixar a água cair...

Sai do banho, peguei a primeira roupa que me veio às mãos, pela primeira vez na vida sem me ater a questões cruciais, como por exemplo, a combinação cromática das peças ou do sapato... Me olhei no espelho, mas, não me vi... Não me maquiei... Apenas me arrastei para fora do quarto...

A porta estava apenas encostada... Clarice não estava mais lá...

Um comentário:

  1. Nossa! Sophiaaaaaa, jura que você vai embora? Não vai não!!!! Ficaaaaaa!

    FAZ ALGUMA COISA CLARICE!!!!!!

    Bjs, Paulinha...

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