Clarice? Ah, Clarice! Seqüestrou-me em uma tempestiva e tipicamente tediosa tarde do inverno paulista. Simples assim, apenas surgiu, apareceu. Talvez ela não saiba, mas, roubou-me não só de uma lista de contatos alheia, mas também, da minha caótica monotonia e mesmice do dia a dia.
As conversas foram surgindo, os ideais, gostos, hobbies, filosofias e crenças, foram mostrando estar sintonizados em uma freqüência assustadoramente interessante e instigante. Pois bem, não sei dizer exatamente onde ou como as coisas mudaram, mas, creio não ser necessário contar que apaixonei-me por Clarice! E para minha surpresa, passei de contato roubado a objeto amado. Ual, mudança um tanto quanto radical para uma mente funcionando na imbecilidade adolescente de 14 anos, não acham? Talvez...
No meio de muita bagunça e em meio aos trancos e barrancos da minha percepção falha, os sentimentos incompreendidos, momentos apenas imaginados, saudade do toque jamais dado, do amor jamais feito, do carinho jamais recebido, enlouqueciam-me e me alucinavam alternando meus status entre o mais completo êxtase e a mais profunda solidão!
Erramos? Com certeza! Acertamos? De fato! Apoio? Incentivo? Amigos? Não! Esses em muitos momentos nos faltaram, ou pior, nos calaram, nos metamorfosearam, nos caluniaram...
Através e por intermédio de Clarice tive muitas boas surpresas, tanto dento, quanto fora de nossa esfera bipolar relacional. Uma aula chata na faculdade, um boteco com bilhar, e uma personalidade intrigantemente interessante, yes peoples, ele mesmo, Olavo. Em meio ao calor da fumaça de cigarros, copos de cerveja sendo esvaziados freneticamente, Clarice no violão e voz com um violão emprestado de nerds da mesa ao lado, fui apresentada a Olavo, sem dúvida, em um cenário invejável e em companhia igualmente, se não superiormente cobiçável
Eh Clarice, querida, espero ouvir vozes embargadas e ler e-mails não escritos e, quem sabe assim, dar descarga em todo esse caos instalado!
... Lady Sophia ...
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