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sexta-feira, 7 de maio de 2010

~ Mantenha Distância ~

Como eu precisava ter dormido.
Mas isso não importava, mesmo não estando bem, pessoas dependem de mim naquela empresa. Sai mais cedo, precisava tentar começar o dia bem, aquele cafézinho na padoca me ajudaria.
Não consegui trabalhar, inventei uma boa desculpa e sai do escritório logo após o almoço, liguei para os meninos, passei no supermercado e descontei minha irritação em barras de chocolate, balas e bolos altamente calóricos, gula para todos nós.
Chegando em casa, aquela cara de velório dos três.
_ E aí pessoas, o quem morreu?
- Bom, ninguém ainda.. Jam, dói dar um soco no nariz de alguém? Disse Bernardo, com uma cara bem tensa.
_ Como assim Bee? Não, não dói não.. Gente, o que tá pegando?
Eis que Lacerda, com a testa toda dobrada entrega-me um arranjo de flores.
_ Nossa, você, senhor cascadura me dando flores? Agora estou preocupada.. soltei aquela risada maléfica e irônica pessoal.
- Sua louca, olha o cartão! A vagabunda teve a ousadia de mandar entregar flores ainda!

Nesse momento, me rendi à esperança de que não passava de uma brincadeira. Minha esperança caiu por terra poucos segundos depois.

"Linda, você não sai da minha cabeça. Confesso que se precisar, levo outro soco no nariz.. Haha, quero te ver. Estarei em seu consultório no final do expediente, te achar não foi tão difícil. Me dê o prazer de sua companhia. E, eu realmente cantei pra você, minha doce vampira.
Beijos da sua Gab."



Imaginei a cara do diabo ao ver o inferno pintado de rosa e no fundo um côro de crianças de roupas brancas e puras cantando como ladainha de exorcismo: "Na casa do Senhor não existe Satanás, Xô Satanás.."
Minha cara era bem pior do que essa que vocês imaginaram. Era o próprio ódio mundial transformados em rugas e espasmos.

_ Essa mina assinou o atestado de óbito!
Olavo - Amor, onde você vai com tanta pressa?
_ Mandar essa puta desgraçada pro inferno.
Bernardo: Pare de ser louca, fica calma pelo amor de Deus! Lacerda, segura a Jam!
_ Queridos, Deus nem quer me ver de frente nesse momento. Se alguém entrar no meu caminho é pior.

Juntei minhas coisas, a chave da moto e saí igual um furacão do Pub. Meu cérebro parecia estar munido de GPS, acelerei por todos os atalhos imagináveis até a Vila Madalena. Nos poucos minutos até o local de abate, imaginei mortes rápidas e dolorosas, veneno, punhais, coisas Krueger's.
Estacionei a moto, tirei o capacete e acendi meu cigarro.
Eram apenas 14 horas. Mas não importava, eu não estava com pressa. Muitos cigarros foram até que aquele carro familiar estacionou.
Com toda calma aparente do mundo, caminhei até o carro. Abri a porta e me sentei, como se fosse um encontro marcado comigo. Não dei tempo para explicações.
_Ela é incrível né Gabriela?
Linda, inteligente, cheirosa.. e você nem sabe como é boa de cama!
Não é atoa que irei me casar.
Olhando bem irônicamente para a presa: "é, uma pena, não gosto de matar mulheres bonitas.."

Fui mais rápida que ela na tentativa de sair do carro. Peguei a vagabunda pelo braço e a joguei contra a lateral do carro. E no espaço de tempo entre vontade e ação, me acertou um soco na boca.
- Esse é pelo meu nariz q está roxo!
_Só isso Gabriela? Se quiser, pode dar outros vários..  pelo seu olho roxo, pela boca rasgada, pelos seus dentes perdidos no asfalto e claro, pelo nariz quebrado.
Acertei muitos socos no rosto da vadia nojenta, com uma força que nem sabia possuir, a cada gota de sangue a sensação de vitória e realização.. foram chutes, cotoveladas, batidas de cabeça na lataria do carro.. ela grita, é bem do perfil de uma vaca. Não consegue nem calar a boca quando apanha.
A rua parou, parecia que era Chuck Noris dando uma surra na Rapunzel. Obviamente, ninguém se arriscou.

Não via nada além de um alvo no rosto daquela cadela ordinária.
Sophia, com toda delicadeza do mundo me tirou de cima dela. Mandou que a safada fosse embora, nem me lembro as palavras certas. Mandou que entrasse na sala dela. Peguei subi na moto e costurei a rua.

Nem bem cheguei a 100 km/h e meu celular tocou. Depois parei e fui olhar, uma mensagem no celular:
"Clarice Jam, esteja em 10 minutos na minha sala ou pode me esquecer!"
Uau, Sophia não brincava nessas horas, mesmo contra minha vontade, voltei.. pelo bem geral da nação.

Ela estava sentada, balançando os pés frenéticamente à minha espera.


# Clarice #

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