Menu

terça-feira, 11 de maio de 2010

Que as cortinas se fechem depois do espetáculo... #Olavo

Tá, vou confessar, eu estava indo à loucura com aquilo tudo. Não sabia o que fazer direito, mas por mais que estivesse indo salvar uma Crazy Bitch, não era por ela que ia, era pela mais perfeita da amigas, Clarice. Ela foi na frente porque precisava conseguir dinheiro pra completar o resgate, eu subi pro meu quarto pra fazer uma coisa que nunca mais iria se repetir. Subi, troquei de roupa, coloquei uma peça única que um dia ouvi de GaGa no meu banheiro – “hmmm honey, Be” – Sabia que aquele era o momento e querendo ou não tinha que ser, por cima coloquei um macacão para que ninguém soubesse dos meus planos. Peguei um pacote que guardava há anos no fundo da minha gaveta e fui embora por uma saída dos fundos. Roubei a chave da moto de Lacerda para que ele não pudesse me perseguir e peguei o carro dele também para ir de encontro com Clarice. Cheguei ao escritório e Clarice estava a minha espera.

-Que macacão é esse?! – Perguntou desesperada
-É só parte do plano, Clarice você tem que confiar em mim. Nada vai acontecer de ruim com ela.
-Pegou o celular de Lacerda pra combinarmos com aqueles cretinos?!
-Sim, peguei.
-Conseguiu o dinheiro?!
-Não, nada, mas você acha que eles vão contar o dinheiro lá. São dois milhões, né?!
-É, pois é...
Quando entramos no carro, senti uma semelhança a alguma coisa que já tinha visto. E disparei:
-Você tem sido uma garota muito má, Clarice. Muito, muito, muito má!
- Uhum, querido Lavinho! – com uma cara de desanimo, misturado com angústia.

Fiquei muito impressionado e fomos pra lá. No caminho os bandidos ligaram indicando que estariam num cortiço no centro da cidade. Imediatamente, lembrei que nos meus tempos de infância brincava com meus coleguinhas nesse cortiço, onde morei por muito tempo. É, a vida nunca foi fácil pra mim. Não demoraríamos muito tempo pra chegar. Finalmente, chegamos. Cautelosos, deixamos o carro em um lugar distante, conhecia uma entrada por trás do cortiço, que com certeza ninguém conhecia. Afinal, fui eu quem fez. Clarice não estava muito nervosa e a todo tempo chorava e pensava em morte. Seria muito trágico tê-la por perto. Entramos no local:

-Clarice, me promete que não se precipitar!? Disse com brilho nos olhos de um herói.
-Olavo, ela é meu bem maior, eu preciso dela.- aos prantos
-Calma, lembra quando eu te disse que a Lady Gaga estava no meu banhei...
PÔ-PÔ-PÔ---- Muitos barulhos em volta e uma gritaria de Sophia interromperam o que eu tinha pra dizer.
-SOPHIAAAAAA.... gritou Clarice
Logo tapei a boca dela...
-Acho que eles não perceberam... Clarice, não faça mais isso, você pode estragar tudo. Vá praquele canto e observe, que eu vou pro outro. No momento certo use isso. – Entreguei um revolver que trouxe no pacote, sussurrando.
-Olavo, o que é isso?!? – Surpresa
-SHIUUU... Use na hora certa – toquei os lábios dela como se fosse a última chance
Mais uma vez ouvimos barulhos e ao olhar pela fresta vimos Sophia amarrada. Me cortou o coração ver Clarice quase desmaiar, mas a raiva dela era maior.
-Clarice, acorda, presta atenção no que eu vou fazer e só ao meu sinal você entra e acerta o bandido. – Falei com um sorriso e um olhar de sonhador.
Tirei do pacote um toca fitas antigo, do macacão tirei uma fita com uma música gravada, em seguida tirei meu macacão, ficando com um colant preto, passei o pente no deixando um topete.

-O que é isso Olavo, que plano de doido é esse?! – Falou colocando as mãos na cabeça
-Clarice, disse pra confiar em mim, peço que fique aqui e lembre-se do meu sinal. – Coloquei o dedo no play e a música de Beyoncé – Singles Ladies começou a ecoar nos corredores, ensurdecendo o bandido que estava com Sophie. Ao som daquelas palminhas do início logo entrei na sala onde ela estava e comecei a dançar a coreografia.

Bandido: O que é isso aqui rapaz? Apontou a arma pra mim.
Eu: Aí, bicha. Você está no meu ambiente de trabalho, tenho que decorar essa coreografia. Olha, pode continuar o que você está fazendo, não vou incomodar – Olhei pra Sophie e ela estava com uma mordaça e os olhos dela esbugalhados com a situação.
Bandido: Seu boiola já disse pra sair daqui – e chegou mais perto de mim.
Meu sangue subiu e com a coreografia na ponta dos pés, uma ajudinha de Beyoncé “ A Put a ring on it...” Dei um chute no saco do bandido que caiu no chão. Sinalizei pra Clarice!
Ela não apareceu!
- OMG, Clarice... cadê você o cara tá levantando – entrei em desespero e peguei a arma do bandido que tinha caido e apontei pra ele fazendo-o fixar aquela cara gorda no chão.
De repente começo a ouvir palmas. Olhei pro lado Clarice estava com um machucado na perna sendo carregada pelo chefe da trupe. Meus olhos não podiam acreditar naquilo. Eu com uma arma. Clarice machucada, possivelmente de um tiro com aquela arma com silenciador que o cara usava. Sophie amarrada esperneando. Não tinha mais jeito. Era agora ou nunca.
-Ora, ora, ora, quer dizer que fui surpreendido por uma bichinha de colant, que irônico, não? Sempre acreditei que vocês só serviam pra chupar pau e dar o cu.
Eu apontando a arma pra ele disse: - Nossa, muito me comove a sua opinião sobre o mundo gay nessne momento.

-Seu babaca, você acha que ia entrar aqui e ninguém veria. – gritou soltando tiros pra cima.
Não sabia o que fazer, supliquei que não matasse as meninas e disse que os dois milhões estavam no carro, que ele podia pegar, só queríamos sair dali. Ele disse que sabia e até já tinha contado um milhão e meio de reais. Com uma risada sarcástica ele apontou pra minha cara e só pude ouvir o barulho dos tiros. Eu temi por todos, mas não podia fazer mais nada. Cheguei a ver o reino dos céus, passei no caixa da Universal e paguei meu terreninho. Mas Ooops, como assim?! Ouvi o barulho dos tiros e não me aconteceu nada. Vi o bandido no chão.Numa nuvem de fumaça vejo duas sombras dando passos devagar. Bernardo e Lacerda apareceram como reis.

-O que vocês estão fazendo aqui?! – perguntei sem saber nem o que estava perguntando.
Lacerda: Ter dinheiro nos traz vantagens excelentes, como ter um celular controlado por GPS. – Falou se gabando.

Olhei pro lado onde estava Clarice e ela não estava mais lá, já tinha corrido pra livrar Sophie, enquanto Bernardo pegava o capanga e colocava no lugar de Sophia no cativeiro.
Foi lindo ver Clarice salvando sua amada e o choro e comoção tomaram conta da cena das duas. Coisas que são inefáveis pra mim. Que nunca conseguiria descrever com nenhuma palavra. Olhei pra Bernardo e mesmo eu estando com aquele colant horroroso. Ele veio com os braços abertos pra me abraçar. Foi a primeira vez que chorei na frente de alguém. Em meio as lágrimas, um beijo salgado e mais um abraço forte que me trouxe força, que eu já não tinha mais. Sophie e Clarice, eu e Bernardo... e ainda pude ver a sombra de Lacerda saindo do mesmo jeito que entrou. Sua imagem foi substituída pela polícia que chegou assim que ele saiu. Ainda ouvi no fundo Clarice dizer “eu te amo” pra Sophie. Enquanto Bernardo, sussurou bem baixinho perto do meu ouvido “Não se preocupe, eu am...”. Apaguei!

Um comentário: