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quinta-feira, 6 de maio de 2010

~ Welcome To The Jungle! ~

Entramos no carro de Sophia, Lacerda me puxou para o banco de trás, rindo e cantando “Amigos para sempre lalalalá” com vodkas e maldade nas mãos. Gaby foi no carona, sem parar de conversar um segundo sequer com Sophia. Lacerda, me abraçou e sussurrou com a voz do próprio Diabo:
– “Acho que perdeu a Miss Freud e terá que se aceitar meu pedido de casamento para não morrer solteira..”
_ Não sabia que se drogava nas horas vagas, meu amor..
- Olha pra frente então, Amelie!

Apontou para a frente do carro.. Gaby segurava a mão de Sophia, em cima do câmbio. As duas nos encararam pelo retrovisor. Engoli seco aquela cena, nada estragaria meu humor aquela noite. Saímos do carro e agi como se nada houvesse acontecido.

Não acreditei quando me dei conta que as pessoas mais importantes da minha vida estavam ali sentadas, me olhando fazer o que gosto. É como mostrar um filho recém-nascido. Estava visivelmente eufórica. Cheguei agitando todo mundo, como de praxe, enquanto as meninas plugavam e afinavam, sentei-me naquele banquinho macio da bateria, fui fazendo a “trilha sonora” pra arrumação, toquei “Ironman” do idolatrado Black Sabbath.. era como um ritual, todas as vezes o fazia.

_Todas em seus lugares? Atenção Senhores passageiros, nós somos as “CaféTina’s”, apertem seus cintos e sejam bem vindos ao mundo do Rock!

Falei com todo aquele ar de decoreba alcoólica e arrogância “cazuziana”, começamos com algo dançante.. “Bete Balanço”. Adoro tocar musicas com solos afetados e levo toda a ginga de Frejat para os pulsos nessa hora. Lacerda puxa Olavo e começa a sua irreverente dancinha romântica, estava um clima bem underground.. Sophia parecia vibrar com cada nota tocada, ficava me olhando com certa admiração, me senti Jimi Hendrix adentrando o paraíso de mãos dadas com Janis Joplin, era o auge da excitação transformada em distorção e paletadas. Finalizamos a tal Bete , dediquei “Every you every me” do para Lavinho, que tanto ama esse rock psicodélico dançante, todos nós dançamos, cantei, foi uma união incrivel. A música seguinte “Doce Vampiro”, aquela pegada mais sedutora, aquele clima Velvet, as criaturas todas que fazem parte desse universo Lee.. Fixei meu olho em Sophia, minha linda Sophia.. tocando pra ela, todo aquele clima.. Até que..
Gaby adentro a zona de perigo, novamente. Não sou o tipo que concede segundas chances.
Ela cantou olhando nos olhos de Sophia:
- “..Mas nada disso importa, vou abrir a porta pra você entrar. Beija minha boca, até me matar..”

Parei na hora de fazer todos os riffs. Meu sangue entrou em ponto de ebulição. Senti meu rosto queimar e automaticamente joguei minha guitarra no chão. Todos eles me olharam. Chutei o pedestal e microfone que aquela vadia usava.
E ela ainda me perguntou “O que foi Jam?”

_ Você ainda me pergunta “O que foi” Gabriela? Você está se jogando na minha mulher desde o Pub, sua vagabunda!
Olavo deu um grito: - “Bafãããoooooo, eu não deixava barato!!”
Nat sem entender, tentando apaziguar pediu calma..
_ Cala a boca Nataly! Fica na sua que é melhor! (nunca desejei ter uma metralhadora e duas granadas naquele segundo..)

Sophia me segurou pelo o braço, nessa hora já não sabia quem era quem. Fiquei cega, respondia apenas aos impulsos musculares do meu braço direito.. Acertei o soco mais bem dado de todos os tempos no meio do nariz daquela puta. Foi uma das sensações mais gostosas que já vivi!
Olhei para aquele rosto cheio de sangue e com o indicador certeiro dei o ultimato “Ainda nem pensei em começar, tô lá fora esperando você, puta nojenta!!”
Puxei Sophia pelo braço e saí acendendo um cigarro.. enquanto desci as escadas pude ouvir a comemoração de Olavo.
Não me contento com pouco. Não sei brigar pela metade. Ou mata ou morre, sou 8 ou 80.

Sophia estava muda, apenas abriu a porta do carro e falou pra irmos embora. Eu estava descontrolada demais pra ficar na rua. A voz trêmula me venceu. Entrei e fomos embora em silêncio, fumei alguns cigarros até o Pub.
Não estava irritada com Sophia, estava irritada com pelo fato de não chegar em casa com a cabeça daquela vagabunda ousada na mão esquerda e seu coração no bolso da calça.
Bebi uma dose de rum e preferi não falar nada. Não queria descontar em ninguém.
Eu não estava satisfeita e sabia que essa noite não iria dormir.




# Clarice Jam #

2 comentários:

  1. Razou Clarice, tem que ser assim mesmo!
    Tudo vagabunda!

    #OlavoFeelings

    =D

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  2. Hahaha, adorei... huahuahuauahuahuha =D

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