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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Lacerda VERSUS Barata mutante radiativa shaolin #Felipe Lacerda

Preciso me confessar. Sério. Tem gente demais dizendo que eu sou fodão, isso e aquilo outro, que eu acerto vidraças com pedrinhas, que coloco bombas em notebooks, que roubo bancos com disquetes e e outras peripécias dignas de um Macguyver da vida. MAs não é bem assim. Ahg, se soubessem... Por isso preciso muito contar o que me ocorreu hoje. E vamos do início: Quando a Consciencia Cósmica da Auto-Adoração me criou, percebeu logo o tamanho da merda que fez. Então ele(a) decidiu que precisava me sacanear e criou as baratas. Sério, as baratas. "Medo" eu tenho de coisas realmente assustadoras, como Ballet Clássico, Música Escocesa, Russas Gordas, Gaita de Fole e Garotas na TPM (cara, imagine uma bailarina escocesa gorda na TPM tocando gaita de fole?).
De baratas eu tenho pânico crônico, um terror misterioso que me assola de corpo e alma, dramático que sempre fui. E não é pra menos, tenho aversão total à imundície de qualquer espécie. A Dra. Sophie  (terapeuta do senso comum) diz que é coisa de infância. Mas psiquiátras são loucos e eu não pagaria um cents a esses advogados disfarçados de Freud Flinstone. Ainda bem que minhas análises com a Dra. citada são pagas com Brahmas geladas.
Pois bem, o Universo conspira contra quem o teme. E eu, senhores e senhoritas, tenho mais medo do Universo que de qualquer outra coisa que rasteje por aí.
Mas estava eu lá no Pub ontem, tentando disfarçar na fumaça do óleo diesel minha inaptidão à raça humana, e preparando meu guisado culinário de sobrevivente preferido.  Basicamente, é um manjar de origem grega que os antigos egípcios chamavam de Adoração Máxima ao Poderoso Deus Porco, e eu que nunca fui de reverências eclesiásticas, chamo de Bacon Com Tudo.  A receita é prosaica de tão simples: Fatia-se uma quantia considerável de Bacon com queijo e adiciona-se na mesma panela, fritando, tudo o mais que houver de comestível  na casa (aconselha-se evitar o cachorro e aquele piriquito idiota que seu pai adora). Aí mistura-se tudo (ainda na mesma panela fritando) com uns dois pães de sanduba. Só não use aqueles com gergilin porque o resultado das sementinhas fritas pode ser um belo prato de alpiste torrado.
Enfim, que o tempo me urge aqui nessa terra fria pra caralho, estava eu com um delicioso mega prato dessa delícia gastronômica e os DVD's da primeira temporada de Gilmore Girls, um maço de cigarros e Fanta Uva.
Estava  mais que preparado para uma noite de edificante alienação quando minhas anteninhas de vinil captaram a presença do inimigo. Entre as panelas da pia, matreira, se agitavam duas anteninhas diabólicas, prescrutando minha refeição dionísica. Cuidadosamente para não derrubar uma porção de fritas que transbordava do prato, coloquei-o sobre a mesa e me virei em silêncio para a vassoura como um velho ninja. O terror começa a se apoderar de minha alma e eu ali de cuecas segurado uma vassoura,  o poderoso ninja pelado, incapaz de atacar aquele alien gosmento. Pensei em correr em pânico implorando ajuda, mas matutei que pegaria mal um homenzarrão como eu correndo de cueca pela rua em plenos pulmões: "_Tem um bicho asqueroso na minha cozinha! Socorro!"
Não. Ponderando bem, chego à conclusão que preciso ficar e lutar como um homem. O que dirão à posteridade? Que o Grande Supremo Patife, senhoro dos epítetos, canalha mór da república, se borra todo de medo de uma baratinha?
Ora essa, mas nem fodendo.
Então me aproximo da pia, tremendo de frio e pensando em me agasalhar, mas vai que a desgracenta foge? Ou pior, vai que ela busca reforços? Não, ficarei e lutarei. O médico quando nasci bateu na minha bundinha, mostrou o bililiu pro mundo é falou: "É MACHO". Não hei de decepcioná-lo. Somos apenas ela e eu, e um dos dois não sairá vivo dessa noite fatídica. Eu a encaro, erguendo a vassoura, ela me olha com seus olhinhos multifaceteados. Uma bola de feno pássa rolando ente nós. Eu dou um passo, ela estribucha as antenas como se dissesse: "O que você PENSA que está fazendo?".
Estou próximo da pia, sinto o cheiro de Bacon e colesterol, meu cosmo infla, o ki se potencializa, estou pronto, reteso os músculos empunhando minha mortal Vassoura Vingadora, levanto-a acima de minha cabeça, faço a melhor cara de mal e....
Acerto a lâmpada. Em cheio. Assustamos ambos e recuamos. Ela se embrenhou pelos pratos e o escorredor de arroz. Maldição. Mas eu tenho tutano. E como sou muito do cerebrudo, resolvo usar uma arma menor. A cozinha é pequena e não queremos quebrar mais nada.
Pego o garfo. Vou empalar a bichinha agora que ela me custou uma lâmpada de 100watts, nem que seja a última coisa que faça nessa vidinha mais ou menos. E fui, eu e o garfo, pé ante pé. E lá estava ela, meio ocultada por um macarrãozinho e uma casca de cebola. Dei-lhe uma vigorosa garfada, que só fez trincar o copo que estava embaixo. Entao desferi outra e outra, mais uma e mais outra, e logo estava como um serial killer esfaqueando a pia com um garfo, respingando água por todo o arredor, com uma fome voraz de destruição, como se a barata fosse o próprio alemão e sua maldita relativiade. Ataquei inúmeras vezes invocando gritos de guerra dos antigos habitantes de Naboo, guerreiros carnificeiros que não temiam baratas. E fui atancando até ficar exausto, o garfo firme no punho cerrado, o olhar injetado de ódio, o rosto coberto de uma água acinzentada, um simbólico sangue do inimigo.
Recuei como um recém desperto do Frenesi, desfalescendo na parede oposta à pia, exaurido e sujo. Porém, vitorioso. Sorrindo deliciado ao imaginar a barata dilacerada entre talheres e restos de comida.
Escorrego pela parede e me sento, observando ante a mim os espólios da batalha, uma amontoado de destroços na pia, o garfo ainda firme na mão, o sangue voltando as veias da face.
Foi quando ouvi o prato se mover. Dos escombros saiu uma patinha, meio torta, vacilante, erguendo-se ainda com vida. Levanto-me, invocando mais forças. Não havia terminado.
Posicionando-se como um herói de guerra, arqueada pela patinha entortada, a baratinha me olha nos olhos clamando por vingança. Ela faz Squiic, squiic.
Certo, eu sei que baratas não fazem squiic, squiic. Esquilos fazem squiic, squiic. Mas o rap é meu e boto a rima que quiser. Além do mais, quando fizerem um filme sobre mim é só chamar um esquilo para dublar a barata. E voutando ao rap... a barata ainda estava de pe´. E eu tambem, razoavelmente. Digo Essa cozinha é pequena demais para nós dois e ela responde com outro squiic, squiic.
Aí eu saio desembestado pela porta dos fundos, deixando-a pensar que havia me derrotado, e meio segundo depois retorno com uma mangueira de jardim, semi-automática, mira hidráulica, tambor giratório. E o tema do Exterminador do Futuro ao fundo.
Ela faz cara de "Mais hein?" e eu começo a atirar feito um louco psicótico, praguejando contra tudo e todos, principalmente contra o imbecil do Einstein que exterminou toda forma de vida em Hiroshima com sua bombinha de São João, menos as highlanders Baratas.
E tudo quanto é canto que a nazarenta se metia, lá ia água aos esguinchos e minha gargalhada doentia, enchendo tudo de água, a cozinha toda. Atrás da geladeira? àgua nela. Se meteu debaixo do fogão? Água! Subiu pela parede? Mais Água!!!!
Em poucos instantes a cozinha estava alagada, as paredes ensopadas, os móveis encharcados, meu corpo gelado parendo um pintinho molhado, mas eu não pararia até ver a aquele Satan Insetoforme afogada.
Foi aí que descobri, estupefato, que as baratas são anfíbias. Se não são, essa aqui tem um pulmão desgraçado. A ignóbil invertebrada passava ora nadando de peito, ora surfando num talher, edbochando da minha imbecilidade evidente, clara e obviamente. Decidi que para o inferno com a lealdade, eu ia era pegar pesado e jogar sujo. Esse acordo de cavaleiros está me fodendo e eu estou pingando demais pra ir na sala pausar o DVD. O negócio é ficar e lutar bravamente, impávido, sem recuar nem ceder, até a morte minha ou dela. E por Deus, essa barata conhecerá ainda essa noite seu Deus, o Baratoso-Mór, seja lá em que inferno.
POr fim, num ataque de cólera digna de um Oscar, encantuo a bichinha embaixo da pia. O jato de água está fraquejando, a mangueira deve ter se dobrado em algum ponto, mas ela está lá, cabecinha pra fora tentando respirar. Prendo a mangueira na porta da geladeira. Pego o martelo de bife. Hoje supero meus traumas ou não me chamo Lacerda. Me aproximo sentindo o gosto de sangue na boca, a fome de Vendetta, o prato que se come frio (frio deve estar o Bacon nessa altura). O martelo será seu fim, insetóide de merda.
O esguincho que a mantinha presa fraquejou bastante. É agora ou nunca, minha cara. Foi um prazer duelar com você, uma nobre adversária. Mas os bons sempre vencem. E eu sou o melhor aqui, cazzo.
E quis o destino, que sempre luta à favor da comédia e da ironia, que a excomungada da dita cuja, num esmerado golpe de capoeira, dá um 360º no martelo e, uma vez livre do jato d'agua, põe-se a galopar insanamente pelo cabo do martelo.
Corajosamente em pânico, arremesso o martelo contra a janela, que por infelicidade encontrava-se lá, intacta, até o instrumento de ferro maciço irromper em sua direção. Ela não reagiu, foi atingida em cheio. Afinal, para onde uma janela fugiria?
Mas a barata, aquela (já não encontro adjetivos), se alojou seguramente em meu punho, espertinha, não querendo cruzar o céu naquele projétil improvisado. Ao perceber a proeza da melindrosa, danei a sacudir os braços, confesso não sem certo rubor, como uma bicha louca.
A barata vou pela cozinha em câmera lenta e mais uma vez sumiu entre as panelas. Voei pra cima como um demônio enraivecido, tão revoltado e irado quanto um playboy que o pai cancelou o cartão de crédito. Parecia um verdadeiro psicopata ao tentar amassá-la com uma frigideira que ainda pendia no canto um daqueles malditos pedacinhos de ovo que ficam agarrados. Eu era um homem com uma missão.
Depois de contar treze frigideiradas e perder a conta dos palavrões, inclusive inventando alguns novos, a filha-de-uma-inseta-puta-emo-fã-de-Elton-Jhon finalmente sucumbe aos meus golpes fulgurosos de Kung-Fu, técnica Shaolin Gourmet do Norte. E por fim caí, derrotado, na água empoçada ao pé da pia. Aliás, por toda cozinha.
Ainda com a frigideira em riste, me sento no chão bufando sem fôlego como um fumante transando com duas lésbicas (hamn... esquece a metáfora).
Mas vitorioso, o homem da casa, matador de baratas, um deus grego entre vasilhames sujos. E lá vem o cadáver da barata boiando em minha direção, inerte como todo cadáver, à mercê do verdadeiro açude que se formou ali. E a mangueira meio frouxa, mas ainda jorrando.
A baratinha veio boiando, rechonchuda, opulenta e grotesca, um boi em miniatura. Os olhos esbugalhados de tanta porrada.
Ela pode estar viva ainda, penso eu no improvável. Elas sobrevivem à radiação e essa aí respira embaixo d'agua. Além do mais, se ela for fêmea é ainda mais perigosa, porque além do natural e instintivo ódio por mim, todas as mulheres sangran cinco dias direto e não morrem. Porque essa barata morreria com garfadas, jatos d'agua e frigideiradas? Não...eu sou arisco e mamãe me ensinou a ser mais esperto que isso. Macho, lembra?
Estico a perna com certo custo (os músculos doem). O suposto cadáver vem, boiando como uma canoa à esmo. Mas ela pode estar fingindo, a infeliz.
Então aperto a sola de meus pés no corpo dela, espremendo-a no chão. A gosma que saiu de seu corpino gorducho lambuzou todos os meus dedos e encheu a água ao redor de um amarelado verde catarro.
Agora ela está morta. O pesadelo acabou. Ela não pode ser tão highlander assim. Nem se fosse a barata de estimação do Chuck Norris.
Vocês devia ver o sorriso de satisfação que se abriu em meu rosto, de cuecas no canto de uma cozinha alagada. Claro que meu sorriso de júbilo foi logo desmanchado pela visão encharcada do meu Bacon Com Tudo, que agora se classificaria como Sopa de Porco.  (IIIRK!)
MAs competir o caralho, o importante é vencer. E eu venci. Vim, vi e venci. Só não comi, mas isso não importa. Tem mais bacon e queijo na geladeira. E talvez eu possa repensar o que disse sobre o cachorro e o piriquito. O problema é que só vou sair daqui quando o verão chegar e minha bunda se descongelar do piso.
Mas como disse, nada disso importa. Eu venci com louvor. 
Para comemorar, um cigarro, meus senhores. Como o Oraculo de Piton, aspirando a fumaça para enxergar onde os mortais não viam. Sem que nada pudesse me aborrecer, retirei o único cigarro mais ou menos seco e jogo o maço fora, que vai boiando pelo afluente culinário.
Vão em paz, meus filhos. Vocês lutaram bravamente.
Coloco trêmulo o cigaro na boca, meio torto e broxa, mas ainda assim um insubstituível Hollywood, o cigarro do sucesso. Com o cigarro na boca, de cuecas, bunda abaixo de zero, ergo o isqueiro à frente do rosto.  The Cramberries pode tocar No Need To Argue agora.

Aí o isqueiro faz risk, risk  e não acende.

Estava molhado.

8 comentários:

  1. AI gente..
    sem comentários........
    de volta ao ao blog hein, peloamor

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  2. Espero q a Consciência Cósmica pondere esse ser que se diz MACHO e ele saia
    desse eterno FRENESI e entenda que não é o EXTERMINADOR
    DO FUTURO e transforme essa criatividade psicótica em um blog novamente.
    Esqueceremos esse episódio apenas!

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  3. DEOS! Barata Shaolin? O "MACHO" da casa inundou tudo por conta de uma barata? DEOS²! Isso é que é crise de identidade sexual hein MACHO? Hahaha... DEOS¹²³

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  4. Poxa vida, quantos anônimos revoltados temos hoje? um.. dois.. três! Se não forem o mesmo, que tal montar o L.A.D.C, tipo "leitores anônimos do descarga e CAos"?
    EMAIL: lipelacerda@yahoo.com.br
    ou
    MSN: felipellacerda@hotmail.com
    Caso queiram trocar uma idéia mais... diretamente, de Felipe Lacerda para anônimos.

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  5. Lacerda, recomento a leitura de "Fobias e Preconceitos..." em www.paranoiadelirante2010.blogspot.com - Talvez te ajude um pouco com toda essa sua questão de Macho /ficadica

    Uma beija,

    >> Nany <<

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  6. Menos estresse, mais liberdade.
    Cada um mostra a sua do seu jeito, sou bem do tipo que quando não aprovo, fico quieta.
    Ou claro, quando é direto, falo mesmo.
    Nada por aqui que tenha despertado =)

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  7. Lembrando que esse blog é livre pra seus escritores. Acho desnecessário as criticas públicas dos próprios blogueiros. Olha a credibilidade.
    É, mas pensando bem, isso é o caos. uhahua
    Mas vamos com respeito pelo menos.
    Eu gostei do post... deu uma esfriada nos ânimos. OK?!

    Dan

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  8. Mas que a sindrome de MACHÃO impera no nosso querido Lacerda, isso sim, impera!
    Mas como eu sempre digo "Auto-Afirmação é sinônimo de insegurança"

    /DICA
    uhauhauhhauhua

    Dan.

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