Menu

sexta-feira, 11 de junho de 2010

- Voyage, L'amour.

Passei a noite em claro, afinal, não é assim apenas juntas umas trocas de roupa e sair da Augusta para Paris.
Bom, achei que não fosse assim, mas Sophia fez isso acontecer.
Coloquei um dvd do Rivers, acendi meu cigarro, abri o vinho e comecei a batalha com meu closet improvisado. É, 4h10 e tudo pronto, fiquei sentada aguardando minha quase querida sogra e ela chegarem.
Tomei alguns remédios que vovó sempre receitou em viagens cansativas.. bom, não era para Groelândia, mas tinha Alice por perto, melhor remediar mesmo.
Sophia chegou pontualmente, como de costume. Mais uma vez, prometi que não deixaria nossos desencontros estragarem essa viagem, rezei uma Pai Nosso e respirei fundo.
No caminho até o aeroporto, Sophia e Alice conversavam muito sobre restaurantes, lojas, penas, casacos, couro, bolsa e claro, sapatos. Nada que despertasse minha vontade de interagir. Fui bem quieta, pensando em tudo que estava acontecendo.
Um pouquinho de espera e aquela voz amanhecida da moça anunciando as partidas, era nossa vez de voar.



A sensação de voar é tão gostosa. Aquele friozinho na barriga, poder olhar tudo de cima.. melhor ainda olhar pro lado e ver a mulher da sua vida (tudo que se olhasse mais do lado veria a minha querida sogra, mas vamos pular essa visão). Sophia fico de mãos dadas comigo basicamente o tempo todo, por algumas horas esqueci de tudo que ficou para trás.. era eu, minha pequena e aquela viagem. Todas as expectativas, todo o glamour de Paris, apaixonantemente nos recebendo (falei glamour?), realmente, um lugar perfeito para a primeira viagem juntas.
Meu francês não é dos melhores, mas tinha minha petit por perto, não precisaria de muito.. um "Je t'aime" garantiria um bom começo ao lado do l'amour de ma vie.
Sophia me pegou de jeito com essa viagem, mesmo que fosse pra qualquer canto do Brasil, mesmo que me chamasse pra festa de Barretos.. tudo que eu precisava era de um tempo com ela, como era antigamente, nós e nossos vinhos, os beijos, um pouco de trégua em meio ao caos daquele Pub.Havia em minha toda esperança em um final de semana dos sonhos. Sophia sempre cumpriu suas promessas, tinha certeza que seria perfeito.


Chegamos em Paris, Alice parecia estar bebendo da fonte da juventude, ficou mais bela, até mesmo mais simpática, por incrível que pareça. Segurou em meu braço e pela primeira vez pude ver um olhar carinhoso.
As ruas da Cidade Luz são acolhedoras, graciosas, cada detelhe, cada cor.. Como se estivesse na pele de Amelie Poulain caminhei com toda leveza nos movimentos.
Sophia me olhava com certo ar de realização, sabia o bem que tudo aquilo estava me fazendo, sabia o quão era importante estar com ela, seus olhinhos brilhando, me chamando de L'amour.
Tudo ali era tão familiar e novo, em pouco minutos reconheci cada esquina já percorridas em livros e sonhos.
Já no pequeno "castelo" da Rainha Alice I, conheci Dudinha, uma graça cachorro, ou melhor, "filhotinho-mais-lindo-da-mamãe". É, a insensível Clarice Bittencourt estava leve como uma pluma e cheia de amor, até pelo tal animal membro da família. Sophia parecia espantada com meu lado femme, ria o tempo todo, até palpite sobre Renoir eu dei.. hahaha, as coisas estavam mudando.

Fomos para o quarto, abracei bem forte ma belle e sussurrei calmamente: "obrigada por nos salvar".. Sophia me beijou com toda delicadeza do mundo e disse: "faria isso mais mil vezes só para ver esse brilho no seu olho..". Meu coração estava batendo bem forte, com todo aquele calor dentro dele.


[ Clarice ]

Nenhum comentário:

Postar um comentário